quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"Meias-Verdades" - Capítulo 11: "Sexo"

Os corpos se abraçavam. A língua da mulher percorria o peitoril musculoso do homem, que por sua vez pegava com força o cabelo longo da acompanhante. Os braços da morena de cabelos longos envolviam as costas do rapaz à sua frente. Suas bocas agora quase se encostavam, enquanto barriga, ombros e braços já se conectavam como imãs que eram. As belas e longas pernas dela cruzavam as peludas e grossas pernas dele. Não era preciso muito esforço. Ambos se enroscavam como chave e fechadura, como o oco e o eco. A linda mulher gemia de prazer enquanto mexia-se lentamente sobre a região que considerava a mais doce do rapaz. Seus cabelos caíam formando uma cortina ao redor de seu corpo esbelto e esculpido cuidadosamente pelo arquiteto mais generoso que já tivera existido em qualquer tipo de vivência. Era Alice.

Jorge se contorcia diante do banco de seu carro. Queria abrir os olhos, mas não conseguia. A cena era muito nítida.

Alice subia e descia no corpo do homem, que agora estava deitado sobre a cama de casal. Os movimentos eram jocosos e os corpos não se desgrudavam por um segundo sequer. Pareciam estar em sintonia. A mulher de repente desce seu corpo e vai delicadamente até o ouvido do parceiro. Ao invés de um romântico "Eu te amo", as únicas palavras que saem da boca da morena são outras.

- Mete tudo! Isso... Vai!

O homem pareceu não se surpreender. A obscenidade fez com que ele se renovasse e aumentasse sua força diante da mulher.

- Mais forte, mais forte! Você sabe como eu gosto, não sabe?

A sincronia entre os dois agora era mecânica. Os corpos pareciam trabalhar como máquinas, envoltas em um processo de produção individualista baseado nas idéias do Taylorismo. Cada um fazia sua parte e o prazer dado era o mesmo prazer recebido. Era, literalmente, colher o que havia plantado...

Jorge não queria lembrar daquele momento. Tantas cenas de Alice para lembrar, e justo aquela lhe percorria a mente. Seus olhos não abriam, queria sair daquilo antes que chegasse ao final do ocorrido.

A mulher agora estava de bruços e o homem deitado por cima de seu corpo. O ritmo agora ia desacelerando, e a feição do rapaz era de extremo vigor e satisfação própria. Estava satisfeito e não pensava em mais nada além do jato de cansaço que havia semeado há pouco. Virou-se e deitou-se ao lado de Alice. Não pensou em se cobrir, nem em ir ao banheiro para se limpar. Homem e mulher se olharam e antes que qualquer um dos dois pudesse dizer algo, foram surpreendidos pela porta que ia se abrindo.

Jorge agora se via na cena. Não estava deitado na cama ao lado de Alice, mas sim abrindo a porta e flagrando a mulher deitada com outro em sua cama.Nunca havia desconfiado, e por infortúnio da vida, havia saído antecipadamente de seu estúdio fotográfico. A visão atingiu-lhe o coração e fez com que o fotógrafo ficasse desamparado e revoltado com tudo. O quarto estava girando e não sabia se não queria ou não podia acreditar no que estava vendo. Sua amada Alice estava deitada na cama ao lado de seu melhor amigo, Carlos.

Parecia uma lembrança proposital da mente do homem. Ele agora acordara, agoniado pela má lembrança que tivera. Foi a partir desse dia que Carlos tornou-se o vilão de sua própria história...


[CONTINUA...]



Por Pedro Henrique Castro.



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Um comentário:

  1. Uau, nunca imaginei Alice fazendo isso.
    Que virada a história teve. Caramba!
    Muito bom, Pedro.
    Já estou te seguindo.
    Aqui é Bruna, lá do BeQ! (:

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