sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Meias-Verdades" - Capítulo 7: "Adoráveis vizinhos"

Deu uma vontade súbita de voltar à Ibitiba e embebedar Regina aos litros, só para ver se a mulher sabia de algo a mais. Já estava, porém, quase chegando ao Rio de Janeiro e achou mais válido seguir seu antigo raciocínio, até porque sua partida do bairro e consequentemente, a despedida dos vizinhos, não fora a mais simpática no que diz respeito à mulher do ex-amigo.

Assim que Jorge havia saído de seu apartamento, três pessoas estavam o observando. A primeira delas era Lúcia, uma mulher recatada e romântica, que sempre usara saias e prendia aos coques seu cabelo. Viera falar com ele.

- Jorge, não me diga que está indo embora! Não, Jorge, por favor... Não se vá! Você vai se recuperar, é tudo uma questão de tempo, e sem você por perto quem...
- Calma, Lúcia! Vou somente fazer uma viagem curta. Volto em alguns dias, pelo menos é o que espero. Você vai perceber que não será tempo suficiente nem para sentir minha falta.
- Eu duvido.

O segundo era Gregório, mas este simplesmente passou por ele e desejou-lhe "Boa viagem!" em um tom demasiado baixo. Não era para menos! O homem era calado com toda a vizinhança, e Jorge vez ou outra reparara nos olhares do homem na direção de Alice sempre que andava junto à esposa. Nunca foi tomar satisfações, mas também nunca deixou de encará-lo.

A outra pessoa era Regina. Esta, simplesmente, ficou parada à sua porta, sem mexer um fio sequer de seu cabelo. O brinco já não era mais de ouro como antigamente; Agora, eram de prata. O cabelo já não era mais tão tratado, estava oleoso e dava para ver as raízes não-feitas à distância em que Jorge se encontrava. Somente trocaram um olhar. Regina nunca soubera o real motivo da briga entre o marido e o fotógrafo, mas não arriscaria perguntar a nenhum dos dois e nem ousaria se despedir do inimigo de seu amado.

Chegando ao Rio, reparou que era madrugada e de nada adiantaria ir à tal endereço em pleno horário. Hospedou-se em um hotel barato e dormiu sem mais delongas.

O sol batia em sua cara como despertador. Espreguiçou-se, passou em um café de beira de estrada e seguiu em direção ao estúdio fotográfico. Não dera sorte. Ao chegar no tal endereço, vira que um salão de beleza ocupava o lugar. Que burro que foi! Havia se passado mais de dez anos que tais fotos foram tiradas e realmente acreditou que nada havia mudado...

Ligou para Alberto.

- Alô! Beto? Preciso que você descubra mais uma coisa para mim...
- Mas até agora não descobri nada!
- Essa é para agora mesmo, Betão! Com urgência. E deve ser fácil. Quero saber aonde posso encontrar o atual endereço do "Estúdio Paradise", é um estúdio de fotografia. Se não encontrar, quero que descubra o endereço de um fotógrafo... O nome dele é Heitor Denali.
- Ok, farei meu máximo! Enquanto isso, vá enrolando por aí...
- Sim, pode deixar que já sei exatamente aonde ir. - respondeu Jorge, girando a chave do carro e tomando rumo para a Zona Sul da cidade. Ia fazer uma "visita-surpresa"...



[CONTINUA...]



Por Pedro Henrique Castro.


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